Cerca de 8.600 homicídios por ano no Brasil são classificados erroneamente
como mortes violentas com causa
indeterminada. Esses são dados do Mapa
dos Homicídios Ocultos, de autoria de Daniel
Cerqueira, Diretor de Estudos e Políticas do Estado, das Instituições e da Democracia
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Diest/Ipea), que está
disponível para consulta no site ipea.gov.br.
O trabalho estima o número de homicídios não reconhecidos em cada unidade
federativa, a partir de mortes violentas classificadas como “causa indeterminada”.
A pesquisa reconhece que o Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM) é um patrimônio nacional que deve ser preservado, por ser a única fonte
de informação confiável, com cobertura nacional, periódica e transparente, que
permite a aferição dos eventos violentos com desfechos fatais. Tanto é que, com
base no SIM, foram analisadas as
características socioeconômicas e situacionais associadas às quase 1,9 milhões de mortes violentas, ocorridas
no país entre 1996 e 2010. Mas, de
acordo com a pesquisa, o Estado não foi capaz de identificar no período a causa
do óbito em 9,2% dos casos, número
que corresponde a 174.223 vítimas.
Por um lado, o estudo aponta
estados como Rio Grande do Norte e
Sergipe, cujos registros oficiais reconheceram o aumento de homicídios no
período de 176,6% e 127,7%, respectivamente,
mas, nas estimativas do mapa, o tal crescimento foi de apenas 40,1% e 4,5%. Por outro, algumas
unidades federativas apresentaram aumento das mortes violentas cuja intenção
não foi determinada. O fenômeno pôde ser observado, por exemplo, no Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Roraima,
Minas Gerais e São Paulo.
Os resultados revelam que a
taxa de homicídios no Brasil é, na verdade, 18,3% superior aos números presentes nos registros oficiais, o
equivalente à cerca de 8.600 homicídios
não reconhecidos por ano. A pesquisa ainda estima que, no período, o Brasil
tenha superado a marca anual de 60 mil
óbitos por agressão.
Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada é uma fundação pública,
vinculada à Secretaria de Assuntos
Estratégicos, que fornece suporte técnico e institucional às ações
governamentais, para a formulação de políticas públicas e programas de
desenvolvimento brasileiro, e disponibiliza para a sociedade pesquisas e
estudos.
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