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domingo, 7 de janeiro de 2024

8 de Janeiro: se Lula partidarizar, apoio pode crescer

Um ano depois, os atos que culminaram com a invasão e vandalismo dos prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal em 8 de janeiro de 2023 continuam rechaçados pela grande maioria da população. 

Segundo uma pesquisa inédita realizada pela Genial/Quaest, em todas as regiões do país, faixas de renda, escolaridade e idade, em torno de 90% dos brasileiros condenam os atos, muito próximo aos 94% de rejeição captados logo depois dos acontecimentos.

Entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, o índice de desaprovação é de 85%. Entre os que avaliam positivamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a reprovação chega a 93%. 

O ERRO DA PARTIDARIZAÇÃO 
O cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest e autor do livro “Biografia do abismo – como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil”, escrito em parceria com o jornalista e analista político Thomas Traumann, destaca que os atos de 8 de janeiro de 2023 no Brasil guardam semelhança com a invasão do Capitólio nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021. 

No entanto, ressalva uma diferença importante: em janeiro de 2021, 9% dos americanos aprovavam fortemente os atentados (no Brasil foram 4%). 

Em janeiro de 2022, um ano depois, esse percentual passou para 14% (no Brasil, chegou a 6%, menos da metade), e em janeiro de 2023 chegou a 20%.

Para Nunes, Biden cometeu um erro ao partidarizar a invasão do Capitólio. 

“Foi isso que permitiu aos republicanos se recuperarem meses depois do mais violento ataque à democracia americana. O 6 de janeiro nos EUA não é hoje um tema da democracia, mas da polarização partidária: Democratas x Republicanos. No Brasil, para que os índices de apoio às invasões continuem baixos Lula não deve partidarizar o assunto. É imperativo que esse debate não seja contaminado por cores partidárias, porque trata-se de um problema do Estado brasileiro. É a defesa das regras, da Constituição e da própria democracia que estão em jogo neste caso”.

OPINIÃO 
A pesquisa também quis saber o que pensa a população sobre se os participantes das invasões representam a média dos eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro ou se são radicais que não representam essa parcela do eleitorado. 51% acreditam que não representam. 

Entre os que votaram em Lula no segundo turno, 59% acreditam que os invasores representam os eleitores do ex-presidente, contra 30% que pensam o contrário. Entre os que avaliam positivamente o governo de Lula, 56% acham que os invasores representam os eleitores de Bolsonaro, enquanto 30% acreditam que são radicais[1].

A pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 18 de dezembro, com 2.012 entrevistas presenciais com brasileiros de 16 anos ou mais em todos os Estados. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.


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