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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Banda maranhense Gallo Azhuu mescla rock dos anos 70 com blues, em uma pegada pesada



O primeiro pensamento que vem à cabeça ao ouvir esse CD é de respeito à palavra ROCK, estilo musical que nos últimos anos vem sendo bastante avacalhado, inclusive em terras maranhenses.

Mesmo com certo receio no início, reação recorrente que sempre tenho ao ouvir alguma produção local - não pela aversão ao que é feito por aqui, mas por conta de uma ansiedade positiva por um trabalho consistente -, me sinto bem escutando essa obra.

Outras bandas autorais maranhenses já chegaram a um amadurecimento inegável, como Fúria Louca, Souvenir, Página 57, Chaparral, com um tipo de sonoridade mais acessível, até vertentes mais pesadas, como Tanatron, e a emergente Jack Devil, que, ao que tudo indica, deve alcançar voos mais altos por conta do empenho que os integrantes vêm apresentando, em pouco mais de dois anos de existência.

Porém, o assunto – ou, pelo menos, a linha sonora - a ser tratado nesta abordagem é outro. A banda maranhense Gallo Azhuu investe em um rock com nítidas e irrefutáveis influencias dos anos 60 (a segunda metade) e 70 (na integralidade).

A coisa é apresentada de forma direta, com guitarra, baixo, bateria, sem teclados ou sopro, coroando o trabalho com um vocal tão notável quanto inquietante.

A voz de Patrick é forte, e às vezes gutural, sobre uma base simples, bem executada, sem “vacilos”, e produção técnica na medida certa, muito embora em vários momentos se sobressaiam passagens mais cruas. Mas, pelo menos para uma parcela dos apreciadores do rock setentista, esses trechos são o suprassumo e a garantia da manutenção da essência do rock n roll, vide qualquer disco do AC/DC.

Todavia, antes de prosseguir, uma consideração que julgo pertinente e necessária: produzir música calcada nas raízes do rock dos anos 60 e 70 nos dias atuais é uma missão para poucos. Minha impressão sobre isso é baseada na observação da quantidade (pequena) de bandas com tais influências, ainda que possamos identificar exemplos contundentes de algumas que utilizam o estilo, misturado a elementos mais pops e atuais, fórmula que no fim das contas acabou obtendo êxito comercial.

Um exemplo evidente disso foi o estrondoso sucesso dos Strokes, entre outras bandas internacionais, durante o fim do século passado e início deste. Aqui, em São Luís, além da Gallo Azuhh há também a Canyon, grupo que mergulha ainda mais fundo, chegando às regiões abissais do rock progressivo. Resumindo: música para poucos.

E não posso me furtar, neste momento oportuno, de citar a existência de bandas maranhenses - há muito finadas - que enveredaram na sonzeira alucinante dos seventies.

Nos anos 90, expressões como Ruminando Cogumelos, Loucura Elétrica, O'Clock, Brain Numb, Bota o Teu Blues Band, entre outras agitaram os roqueiros da capital maranhense, em shows que reuniam num mesmo ambiente bandas mais pesadas, punks e até do hip-hop.

Mas, parafraseando o final dos filmes clássicos da série Conan - O Bárbaro: "essa é uma outra história". A Gallo Azuhh herdou, mesmo que inconscientemente elementos desse período do rock maranhense. Acho isso uma maravilha, até pelo fato de atualmente remarem contra a maré.

É o “diferente” - mesmo que reproduzindo clichês de grandes bandas internacionais e nacionais dos anos 70 -, num mar de "modernidades", bumba boi, reggae, metal, entre outras linhas de expressão. Não poderia deixar de falar também do layout da obra. Um ornitorrinco realmente expressa bem o que esses caras são ou pretendem mostrar ao publico que estiver atento.

É difícil ficar indiferente ao trabalho da Gallo Azuhh. Afinal, isso já é um grande passo em meio a um turbilhão - de informações e "informações" - no qual vivemos. 

*Texto publicado originalmente em O Imparcial, em maio de 2013

(Adalberto Júnior)


 


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