quinta-feira, 14 de abril de 2011
Cotação da arroba subiu 28% nos últimos dois anos no Maranhão
A tendência de elevação de preços dos alimentos e combustíveis, apontados como principais vilões na lata da inflação oficial (IPCA) acumulada no primeiro trimestre do ano, é causada por vários fatores, como o período de entressafra do boi gordo e cana de açúcar.
Os preços da carne, por exemplo, além de sofrerem essa influência também estão suscetíveis ao atendimento à demanda do mercado exterior. A importação do produto, além deixar o mercado interno carente - o que leva a uma procura maior e conseqüente aumento de preços - leva ainda ao abate precoce do gado.
Hoje, os pecuaristas maranhenses estão vendendo a arroba do boi por R$ 90, mas já chegou a casa dos R$ 100. Há dois anos, a cotação era de R$ 70, o que indica que hoje em média está mais 28% mais caro.
A explicação para o que está acontecendo estão nos dados revelados pelo Estudo de Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que constatou que no último trimestre de 2010 houve no Maranhão uma queda no número de cabeças de gado abatidas na ordem de 13,3%, em comparação ao mesmo período do ano de 2009. E ainda, uma queda de 12,9% no peso das carcaças.
A pesquisa do IBGE apontou que nos últimos três meses de 2010, o número de animais abatidos no estado foi de 149.261 cabeças, enquanto que no mesmo período do ano passado foram abatidos 172.160 cabeças. Também foi verificado queda no peso das carcaças das cabeças abatidas: em 2009 foram 38.684 toneladas, e em 2010, foram 33.695 toneladas.
De acordo com os cálculos, com a queda dos números de quantidade de cabeças abatidas e de peso das carcaças, o peso médio do gado abatido no fim do ano de 2010 foi de 225 kg, ou seja, 15 arrobas.
De acordo com informações do diretor da Fribal, Gustavo Oliveira, o peso ideal para o abate é 17 arrobas, ou seja, 255 kg. Para ele, os dados fornecidos pelo IBGE são bem mais altos do que acredita alcançar na realidade.
“De 2009 para 2010, a carne e o boi subiram de preço, o que coincidiu com o fim do ano, influenciando no preço da arroba que era por volta de R$ 70 e que ficou mais de R$ 100. O que esses números mostram pode ter acontecido também porque diminuiu a quantidade de frigoríficos no estado. Hoje temos a Fribal, a Frigotil, a Frisama e o Vale do Tocantins. Com o período de chuvas, houve queda na escala de abate, com isso, a retração na compra. Em relação ao peso da carcaça, foi uma conseqüência. Os abatedouros tiveram que tirar bois mais leves para o abate. A arroba hoje custa R$ 90”, disse.
Perspectivas
Segundo Marco Túlio Dominici, presidente da Associação dos Criadores do Estado do Maranhão (Ascem), mesmo com perdas consideráveis nesses números, o quadro para o estado no ramo do agronegócio é extremamente positivo.
“Houve um desestímulo para o produtor, que se deparou com o alto custo para produzir. Houve aumento do preço dos insumos veterinários, como remédios e vacinas. Cresceu também a demanda para o exterior. O Brasil exportou mais e houve menos oferta no mercado interno. Os produtores estão retendo as matrizes para aumentar o rebanho. Hoje, as fêmeas estão mais valorizadas. Há uns seis ou oito anos houve um descarte muito grande de matrizes e a produção – e reprodução - diminuiu. Com a grande oferta de carne, os preços baixaram”, disse Marco Túlio.
O presidente da Ascem apontou que há uma confluência de fatores para a diminuição da oferta. “Hoje a oferta de boi diminuiu e também o número de matanças. O produtor está recompondo o rebanho. Esta é uma atividade cíclica. O mercado aumentou porque a economia aqueceu. Hoje o consumo interno está fortalecido”, assegurou.
Ele disse ainda que a modernização pela qual o Maranhão passa, citando o número de rebanho atual e ainda a importância do setor para a economia brasileira. “O Maranhão vai crescer muito. Há vários grupos chegando e estamos importando tecnologia. Há uma modernização, então é um ambiente altamente promissor e podemos até concretizar um sonho que é exportar. Temos um rebanho de 7 milhões de cabeças. O Maranhão tem um grande futuro no setor primário, como a soja. E um terço do PIB brasileiro vem do agronegócio”, disse.
Legais
De acordo com Francisco Alberto, supervisor de Pesquisa Agropecuária do IBGE no Maranhão, a variação dos números relacionados ao peso das carcaças e de cabeças abatidas é normal, dependendo da demanda nos respectivos períodos de captação e que o estudo em questão é realizado mensalmente. E ainda diz respeito apenas aos frigoríficos e abatedouros que passam por inspeção sanitária pela Vigilância Sanitária.
No entanto, o IBGE não dispõe ainda de dados que apontem quantos abatedouros não são inspecionados pela Vigilância Sanitária e quantos são clandestinos.
“É muito variável. A pesquisa é mensal e o levantamento desses dados é trimestral. A variação é comum, e acompanha a movimentação em cada mês. Por exemplo, no período de fim de ano, com o Natal, o Ano Novo, a demanda é maior, Então, existe mais consumo. E também temos que levar em consideração o período de entressafra”, disse Alberto que criticou a cadeia da carne no estado.
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